segunda-feira, 2 de junho de 2014

Drinques, Sabores e Histórias

O Absinto

Olá pessoal, demorei mas voltamos com os nossos post's de bebidas. Como um recomeço e uma vontade doida de falar sobre bebidas, resolvi me relacionar com uma bebida q a princípio eu tinha minhas dúvidas e preconceitos e aos poucos fui me inteirando melhor e com certeza virou meu xodó também. Aliás, qual bebida não é um xodó de um bartender? Pois bem, sem mais delongas e querendo elucidar alguns mistérios, apresento a vocês o Absinto ou Absinthe.
Poucos já conheceram os efeitos q essa bebida causou durante a história e ainda causa nos dias de hoje e quem nunca bebeu, com certeza conhece os seus efeitos e ficou com medo dos resultados. Mas a bem da verdade, é que o absinto é uma das bebidas mais conhecidas do mundo. Artemisia Absinthium é o nome da erva do absinto e já era usada na Grécia antiga como medicamento e provavelmente a palavra também venha do grego "apsinthion" que significa intragável. Médicos, filósofos e matemáticos recomendavam a erva embebida em vinho, mas se utilizava a bebida em diferentes tratamentos. Talvez esse seja o motivo da bebida ser conhecida depois de séculos como " O remédio para todos os males". No auge do Império Romano, uma tradição antes das corridas de bigas, era beber uma dose de absinto para lembrar os competidores que a vitória também tinha o seu lado amargo. Em 1792, o absinto deixou de ser uma bebida caseira e se tornou um medicamento oficial nas mãos de um grande médico chamado Pierre Ordinaire. Depois de ter provado uma receita caseira das irmãs henriod, o médico francês, criou seu elixir com absinto, anis, hissopo, melissa, coentro e outras ervas locais. O sucesso foi tanto que cinco anos depois, o Major Dubied comprou a receita e juntamente com seu genro, começaram a produzi-la em grande escala na Suíça.
Suas características no início era de um amargor igual a um bitter, mas o Dr, Ordinaire se encarregou de colocar erva doce e extrato de anis conseguindo suavizar o seu amargor e fazendo da bebida um sucesso. A bebida ficou famosa na França por se tornar popular entre os soldados franceses, que em missões no norte da Africa, trouxeram a novidade.
Sua graduação alcoólica variava entre: Absinthe Suisse 68-72%, Demi-fine 50-68% e Ordinaire 45-50%. O absinto é um destilado e não um licor como muitos o definem. Tem a coloração esverdeada devido a clorofila de algumas ervas, mas na Suíça tem algumas variedades mais claras e existem mais de 50 marcas de absinto no mundo.
Quando escutei pela primeira vez sobre o absinto, aprendi que ele era misturado com ópio derretido e por isso deixava as pessoas fora de si e por muito tempo essa era a minha verdade e meu tolo engano. Na verdade, o que provoca as alucinações é uma substancia chamada Tujona encontrada em várias ervas e principalmente nas folhas do absinto. A Tujona é parecida com o THC, alterando a percepção sensorial ativando a região criativa do cérebro e também causa alucinações, hiperatividade, tremores e fraqueza muscular. É importante salientar que a quantidade de tujona que sobrevive a destilação é muito pouca e o que muda realmente a sua percepção é a mistura com o álcool mesmo.
Desde que foi criado, o absinto sofre uma perseguição como ameaça social, onde as pessoas ficavam loucas e com tendência a criminalidade. Várias tentativas foram feitas e finalmente em 1915 a bebida foi proibida na França. Nesse período foram popularizados os Pastis e o Ouzo, licores de anis sem absinto. A proibição era para o consumo e não para a produção, então os produtores diminuíram o teor alcoólico para 40% e diminuíram a tujona para 10 mg/kg para a exportação. Mas um produtor viu que não havia nenhuma lei britânica que impedisse a exportação do absinto com o teor alcoólico alto, então ressuscitou a bebida com o teor altíssimo depois de quase um século de proibição. A tujona ainda é controlada, mas o apelido de fada verde que o absinto tem, é um conceito de inspiração poética e iluminação artística, um estado de espirito livre e de idéias novas e essa ideia de liberdade era inimaginável naquela época. Para um bom apreciador de bebidas na época, beber absinto era uma forma de sair do conceito moral e social imposto pelo governo. Acho que por mais que escreva sobre esse destilado, muito mais temos a aprender com suas histórias seculares e para quem quiser conhecer a fada verde, junto com essa coluna vai um link de um vídeo onde aprendemos a fazer o ritual chamado La Louche e a apreciar essa bebida. Lembrando que se beber não dirija e boa degustação com a boa Fada Verde.

http://www.dailymotion.com/video/xdzj81_absinthe_lifestyle?start=12

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